sábado, 18 de outubro de 2008

Cães como fomos

Querias-me até à exaustão do pecado
Quando te levei o medo de morrer
A doze escreveste-me uma carta
Desculpa, demorei tanto a responder

Não foi por preguiça ou esquecimento
Nunca escreveste matéria desprezada
Mas é que a resposta só podia chegar
Quando nela já estivesses desinteressada

Fiz de ti a princesinha mais mórbida
E tu chamas-me talento e genialidade
Cachopa, não te quero a espumar da boca
Sim, ainda me lembro da tempestade

Vibrei a alma com a história do combóio
Espantou-me a tua solitária ida ao cinema
Não encontrei resposta para a quinta linha
Banal me achei ao escrever este poema

É certo que já me escapou o título de ídolo
Depois da bebedeira que te fez sair à rua
Mas não, não matei nada na minha obra
Os meus votos de prosperidade para a tua